O crescimento extraordinário do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), que nos últimos meses deixou a ver poeira os demais indexadores que medem a inflação, está fazendo com que a Fundação Getúlio Vargas (FGV) desenvolva um novo índice, capaz de medir com maior exatidão a inflação que corrói os aluguéis, principalmente os residenciais.
As commodities e o IGP-M
Para a FGV, o IGP-M se descolou dos fundamentos do mercado imobiliário porque as commodities (a soja é a mais conhecida delas), negociadas em dólar, têm um grande peso na composição do indexador. Isso faz com que qualquer alta na moeda norte-americana reflita imediatamente no IGP-M.
A FGV comunicou que o trabalho ainda está em fase preliminar e que, embora os sites de anúncios de imóveis não devam servir como fonte de informação para os novos cálculos – isso porque o valor mostrado na internet costuma refletir o passado -, pretende colher subsídios junto às imobiliárias para acompanhar os valores locatícios correntes no mercado.
Não existe indexador oficial para reajuste de aluguéis
A preocupação da Fundação Getúlio Vargas pode não ter razão de ser, na medida em que há mais de trinta anos não existe um indexador “oficial” para o reajustamento dos aluguéis. Assim, locador e locatário podem estipular livremente, no contrato de locação, qualquer um dos demais índices existentes (INPC, IPCA, IPC etc.), que reflita mais corretamente o aumento do custo de vida das partes contratantes.
O fato do Índice Geral de Preços de Mercado ser o indexador mais usado para a correção dos aluguéis não significa, portanto, que a sua utilização seja compulsória, tanto para os aluguéis residenciais como para os comerciais. Além da Fundação Getúlio Vargas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) calculam índices inflacionários.